Não existe desenvolvedor solo

Demorei um pouco para resolver sobre como eu escreveria sobre Séculos. O primeiro impulso foi simplesmente relatar como foi o desenvolvimento do jogo, mas conforme o relato avançava mais estranho parecia tratar esse projeto como algo MEU. Não me entendam mal, sou sim responsável por grande parte do que foi lançado e roda ai pela internet, mas fico na impressão que a contribuição de tanta gente às vezes fica apagada em meio a essa cultura de identificar autores específicos para obras coletivas.

- Se não tivesse conversado com Davi no começo do desenvolvimento talvez não tivesse confiança o suficiente pra continuar.
- Se Kiki não tivesse testado o jogo na minha frente não teria ideia se as pessoas entenderiam o que está acontecendo.
- Se Marissol não tivesse se divertido escrevendo na máquina de escrever o jogo não teria o meu elemento preferido, as cartas enviadas pelos jogadores.
- Se não fosse por toda a galera que topou ajudar na música, compondo ou cedendo as faixas, vocês iam ter que aguentar 15 minutos de lo-fi tosquera.
- Se não fossem por todo mundo que me ajudou (direta ou indiretamente) com a parte de programação, o negócio não ia nem existir.
- Se não fosse o monte de programa OpenSource ou pirateado, geralmente mantidos por voluntários, eu não ia ter nem trabalho.
E isso foi só pra fazer um jogo extremamente simples que se termina em 15 minutos. Agora imaginem quanta gente não contribui pra coisas que são vendidas como “desenvolvidas por fulano sozinho, o herói dos desenvolvedores de jogos”. Dêem uma olhada nos créditos de Undertale, citado vez ou outra como solo-developed:
É isso povo, bora sempre lembrar que coisas complicadas como jogos e filmes sempre tem várias cabeças por trás, mesmo que só mostrem uma.